Histórico

    Os primeiros dados sobre a família Frainer remontam a 1546, com a saída da Alemanha, passando pela Áustria até chegarem ao Tirol Italiano. Fixaram-se em Trento , na localidade de Roncegno. A família possuía um escudo: “um cavalo preto encimado por uma águia”.Da pesquisa feita por Frei Clóvis Frainer (Arcebispo de Manaus), Começamos a traçar a linha da família a partir de Pietro Frainer, casado com Magdalena Pacher. Um dos filhos deste casal, foi Tomaso Frainer que casou com Domênica Pacher, filha de Tomaso Frainer Pacher e Maria Jobstraibizer. Tomaso e Domênica tiveram 5 filhos: Tomaso ( nascido 29/09/1818), Giuseppe ( 03/09/1820), Giovanni (03/11/1823), Quirino(24/06/1827), Margherita Carolina (10/01/1830). Quirino casou com Lúcia Ângeli , filha de Michele Ângeli Lucia Ciola.Tiveram 7 filhos : Aléssio Pietro ( nascido em 06/09/1853), Domênica ( 1858 ),Carlotta Lucia ( falecida em 1857 ), Caterina (1858 ), Francesco Querino (1859 ), Maria Speranza (1861),e Quirino Giacinto (1864 ).Quirino ou Guerino Frainer, nascido em Roncegno, Província de Trento Emigrou para o Brasil com sua esposa e filhos em 1875. A Família foi uma das primeiras a se fixar em Rodeio ( SC ). Instalaram-se no lote 21 da linha Caminho de Rodeio, no Distrito de Rodeio, Colônia de Blumenau . Seu filho Aléssio foi o 2ºocupante do lote 36, ocupando ainda o lote 38 da mesma Linha, enquanto que Francesco Quirino foi o ocupante do lote 85 da mesma Linha Caminho de Rodeio. Aléssio Pietro Frainer casou com Orsola Anesi ( nascida em 10/12/1859 ) em Blumenau (SC ) em 24/12/1877. Os pais de Orsola , Maria Mativi e Giacomo Anesi ( nascido em Piné, província de Trento ) também faziam parte do primeiro grupo de imigrantes estabelecidos em Rodeio.  Maria e Giácomo, fixaram-se no lote 41 da Linha Caminhos de Rodeio, Colônia de Blumenau. Tanto Aléssio quanto Orsola Faleceram em Veranópolis ( RS ); Aléssio em (03/11/1904) e sua esposa em (16/10/1930). Os Filhos do casal são: Cecília (nascida 01/01/1879 ), Ignácio ( nascido 28/07/1880), Anselmo (nascido 12/11/1882), Albina (nascida e falecida em 1884), Filomena ( nascida 02/12/1885), Fé ( Nascido 03/11/1887), Emma ( 08/08/1895), Natal (nascido 25/12/1896), Pia ( nascida 12/11/1898), João (08/12/1900). Ignácio, falecido em (03/12/1964), casou em Veranópolis, em (17/02/1906), com Ângela Mezzalira, nascida em (23/08/1886) e falecida em (25/07/1965), filha de Girolamo Giuseppe Mezzalira, natural de Lerino. Julio, nascido em Rodeio, SC e falecido em (26/05/1961), casou em Nova Bássano com Maria Tagliari, nascida em (25/04/1895) em Bento Gonçalves, filha de Antonio Tagliari , e Teresa Pertile. Emma, nascida em Santa Catarina e falecida em (15/03/1970), em Nova Bássano, casou em Veranópolis em (04/10/1919) com Luiz Zotti , filho de Giuseppe Zotti e Speranza Maria Cogo.

(FONTE: Frei Clóvis)

FREI CLÓVIS

 

Nascido em 23/03/1931, na cidade de Veranópolis RS.

Falecido em 04/04/2017, na cidade de Caxias do Sul RS.

    Dom Frei Clóvis fez  os estudos ginasial e colegial nos seminários de Veranópolis (1942-44) e Ipê (1945-47) e vestiu o hábito capuchinho, ingressando na fraternidade, em 1948, ano em que fez o noviciado no Convento de Flores da Cunha. A profissão dos votos foi em 6 de janeiro de 1949. Estudou filosofia no Convento São Boaventura, de Marau (1949-51), e teologia nos conventos de Garibaldi (1952-54) e de Porto Alegre (1955). A ordenação como presbítero foi na matriz Santo Antônio do Partenon, em 27 de março de 1955. Já a ordenação episcopal aconteceu em Veranópolis, em 9 de março de 1978, pelo Núncio Apostólico no Brasil Dom Carmine Rocco. Poucos meses depois de ordenado sacerdote, mês de setembro, parte com destino a Roma, para frequentar a Universidade Gregoriana, onde fez Mestrado em Teologia e nas Sagradas Escrituras), no período de 1955-1957 e 1957-1959. Encerra o tempo acadêmico com uma viagem de estudos ao Egito, Jordânia (Monte Sinai), Síria, Israel, Palestina (Terra Santa) e Grécia. Ao regressar, no início de 1960, assume como professor na EST, Escola Superior de Teologia (Convento São Lourenço de Brindisi) e na PUCRS, em Porto Alegre, e em diversas casas religiosas. No ano de 1964 é designado para o cargo de secretário provincial da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul, em Caxias do Sul, sendo também capelão do Noviciado das Irmãs Carlistas Scalabrinianas. Foi fundador e organizador da Fundação Cultural Riograndense, mantenedora da Rádio São Francisco de Caxias do Sul, e Rádio Fátima de Vacaria, tendo sido também o 1º diretor-presidente da Fundação Cultural Riograndense. Foi eleito Ministro Provincial no 7º Capítulo Provincial, realizado em julho de 1967 e presidido por Dom Aloisio Lorscheider. Tinha, à época, 36 anos. No ano de 1968, participou, em Roma, do Capítulo Geral Especial da Ordem quando, no período pós Vaticano II, foram elaboradas as Novas Constituições. Findo o mandato como provincial, no primeiro semestre do ano de 1970, atuou como Coordenador de Pastoral na Diocese de Caçador/SC, cujo titular era Dom Orlando Dotti. Tendo sido eleito delegado da Província do RS para o Capítulo Geral de 1970, em Roma, no dia 04 de junho foi eleito Conselheiro Geral da Ordem para a América Latina, para o sexênio 1970-1976. Exercendo esta incumbência, visitou todas as fraternidades capuchinhas, do México até a Argentina. De volta à Província, defendeu tese na PUCRS, obtendo os títulos de Doutor em Teologia e Livre Docente em Ciências Bíblicas, tendo apresentado a dissertação “A história de Deus em nossa história”. No ano de 1977, passou a atuar na pastoral paroquial em Campo Grande, MS, em paróquia da hoje Província do Brasil Central. No ano de 2002, recolhe-se na residência dos capuchinhos junto à Chiesa Santa Maria della Consolazione, em Roma, para um tempo de renovação, de estudos e de pesquisas no Instituto Bíblico de Roma. Em março de 2003 retorna a Província Capuchinha do Rio Grande do Sul, fixando residência no Convento do Noviciado São Boaventura, em Marau, dedicando-se principalmente a dar cursos de Bíblia. A partir de 2009, sua residência passa a ser o Convento São Lourenço de Bríndisi, em Porto Alegre, atuando na pastoral do aconselhamento, exercícios de espiritualidade e assessoria bíblica. Publicou vários livros sobre temas bíblicos Em 2014 muda-se para a Casa São Frei Pio, junto ao Convento Imaculada Conceição, em Caxias do Sul, para cuidados da saúde. Desde 2009 sofreu uma dezena de internações hospitalares em Caxias do Sul e região, por problemas de pressão arterial, disritmias, derrames e edemas cerebrais e retirada de coágulos, insuficiência respiratória, infecção pulmonar, fratura por motivo de queda, bronquite, perda de força e desorientação.

(FONTE: Capuchinhos do Brasil /CCB)

CONTINUANDO O HISTÓRICO…

Abaixo, uma cópia parcial (6a folha) do documento autêntico extraído pela internet nos registros do “ARQUIVO NACIONAL” ( DIVISÃO DE POLÍCIA MARÍTIMA, AÉREA E DE FRONTEIRAS )  DPMAF.

Relação de passageiros em vapores no porto do Rio de Janeiro:

VAPOR: VILLE DE SANTOS;

DATA: 16/07/1875;

PROCEDÊNCIA:  PORTO DE “LE HAVRE” (FRANÇA);

FOLHAS DE PASSAGEIROS INSCRITOS: 06  ( IMIGRANTE DA FAMÍLIA  n.08: ALÉSIO FRAINER)

Do Trentino (Itália) ao porto de “Le Havre” no norte da França – caminho feito pelos nossos imigrantes.

 “O destino era o Porto de Le Havre no norte da França. Os portos mais seguros para embarque eram os franceses, porque na Itália, uma circular do ministro Lanza em 18/01/1873, exigia muitas formalidades aos imigrantes. Além disso, quem partia da França era favorecido, pois a legislação francesa, ao contrário da italiana, previa que a bordo dos navios houvesse a presença de médicos e remédios. Eis porque, especialmente entre 1875 e 1876, as partidas para o Brasil aconteceram sobretudo de Marselha e Le Havre. As passagens eram gratuitas. Em fins de 1876, as partidas de Gênova tinham se tornado mais frequentes em detrimento dos portos franceses. Em 1878, houve suspensão dos contratos entre o governo brasileiro e os empresários engajadores, e com isso acabou-se a gratuidade das passagens. A cidade de Rovereto era o encontro de todos os imigrantes dos vales trentinos. Chegavam de diversas localidades, quase sempre conduzidos por carroças ou carros de boi. A estação ferroviária estava lotada de imigrantes carregados de bagagens e lembranças. Alguns levavam garrafas de vinho, outros sementes para plantar na nova terra, outros ainda portavam ferramentas ou utensílios de cozinha. O trem então partiu para a cidade de Verona. Lá chegando, conseguiu-se uma vaga em uma hospedaria para passar a noite. As crianças precisavam descansar. Em Verona, também se juntaram alguns vênetos. No outro dia pela manhã, a viagem prosseguiu com destino à cidade de Modane, já agora em território francês. À tarde, a partida com destino a Paris. A viagem prosseguiu atravessando todo o território francês e, ao entardecer do dia seguinte, avistou-se Paris. Por volta das 11 horas da noite, partiu o trem de Paris com seu destino final: o Porto de Le Havre. Na manhã do dia seguinte, a chegada ao porto. O canal da Mancha. Formavam-se grupos de pessoas com afinidade de origem, dialeto ou então parentesco. Uma sirene estridente quebra o torpor da manhã. Era hora da apresentação dos documentos para o embarque. As pessoas se aglomeravam, muitos eram tomados pelo pânico e relutavam em embarcar. Começa o embarque. Eram muitos imigrantes. Haviam muitas dificuldades com as autoridades francesas, que não falavam a língua italiana e precisavam da ajuda dos agentes. Era grande o risco de epidemias, principalmente a varíola, que vitimava quase sempre velhos e crianças. Havia também o antigo temor das tempestades em alto-mar. Depois de algumas horas, estavam todos a bordo, tragados pelo gigante de aço. A maioria trentinos, mas também vênetos e lombardos. Os alojamentos não eram adequados e suficientes. A passagem de terceira classe não poderia prover-lhes melhor sorte. Enfim, todos se acomodavam nos beliches, alguns colocam os colchões no chão. Amontoam as malas e sacolas em qualquer espaço disponível. À noite, deveriam permanecer separados por sexo: os homens de um lado e as mulheres, crianças e bebês de outro. Aos poucos o vapor vai deixando o Canal da Mancha em direção ao Atlântico Norte. Agora só se avista céu e mar. Passados alguns dias, o capitão avisa que estão próximos à Ilha da Madeira, já nas costas da África. A água existente é basicamente para beber. A comida quase sempre consistia de uma sopa rala de batatas e massa condimentada com toucinho. Fazia-se acompanhar, por um naco de queijo curado que haviam trazido na bagagem. Pela manhã, um café invariavelmente muito fraco… Diminuiu bastante o forte cheiro de vômito dos primeiros dias, com a adaptação aos balanços do navio. Os dias são longos. Chegam notícias de óbitos, outras notícias de pessoas adoecidas e de crianças e velhos que padecem. A religiosidade os fortalece, são famílias essencialmente católicas e, ao cair da tarde, participam de forma compenetrada e intensa das orações e dos cânticos. Os dias continuam muito compridos e as noites intermináveis. Finalmente em um entardecer, chega o aviso vindo da cabine de comando: no dia seguinte deveriam chegar ao Rio de Janeiro. O desembarque no Rio de Janeiro. Começa o procedimento de desembarque. São apresentados os documentos perante as autoridades brasileiras. Sobem a bordo as autoridades sanitárias. Médicos e enfermeiras fazem a vacinação dos imigrantes. São em seguida conduzidos e alojados na Hospedaria dos Imigrantes, antigo depósito de mercadorias do porto do Rio de Janeiro. As condições da hospedaria são muito precárias. Faltavam intérpretes para fornecer as devidas informações e a estrutura era muito deficiente. A febre amarela já se tinha instalado na capital brasileira e vinha vitimando muitos estrangeiros. Reunidas na hospedaria, todas aquelas famílias que juntas tinham atravessado o Atlântico, embarcariam novamente em uma curta viagem com destino ao sul, ao Porto de Itajaí. Naqueles anos havia quatro navios que realizavam o transporte da capital brasileira para as províncias do sul: o Calderon, o Purus, o São Lourenço e o Werneck, que era um navio de transporte militar. No início de novembro daquele ano de 1876, chegavam a Desterro (Nossa Senhora do Desterro, antiga denominação de Florianópolis) e dali ao Porto de Itajaí. No porto foram alojados nas casas de recepção. Eram construções de madeira, com aspecto pouco atraente, com pouco conforto, que abrigariam os imigrantes por pouquíssimo tempo até serem conduzidos ao agente de colonização, que os conduziria ao seu destino final.  Seguem a pé ou em carroças puxadas por bois, lentamente pelas trilhas (picadas) abertas no ano anterior.”

(Fonte do texto acima: Graciola, José Francisco. “As Faces da Vida – Os Graciola”, Ed. Komedi, Campinas, 2006).